Apelo de 23 economistas para "parar imediatamente quaisquer políticas que intensifiquem a fome generalizada em Gaza"

Escrevemos para expressar nossa profunda preocupação com a fome crescente em Gaza e com o plano do governo israelense de concentrar civis em uma suposta "cidade humanitária". Como seres humanos, economistas e cientistas, pedimos a suspensão imediata de quaisquer políticas que intensifiquem a fome generalizada.
É evidente que o Hamas deve ser responsabilizado pelas atrocidades de 7 de outubro e pela tomada de reféns. No entanto, isso não isenta o governo israelense, que controla o fluxo e a distribuição de ajuda humanitária, de suas responsabilidades.
Nas últimas semanas, o Programa Mundial de Alimentos da ONU alertou que quase um terço dos 2,1 milhões de habitantes do enclave passou dias sem comida. A fome generalizada é evidenciada pela insuficiência de entregas de ajuda, por relatos diretos de moradores de Gaza e pelo aumento vertiginoso dos preços dos alimentos. Não apenas a ONU, mas também o mercado, sinalizam a fome: os preços dos alimentos básicos em Gaza estão agora dez vezes mais altos do que há apenas três meses.
O colapso da distribuição de ajuda humanitária da ONU e sua substituição por um punhado de pontos de ajuda coordenados pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF) levaram a um caos mortal, com pessoas lutando por rações escassas, resultando em mais de mil mortos e feridos. Diante da indignação internacional, o governo israelense autorizou mais ajuda desde 26 de julho, mas está longe de ser suficiente, e a situação da saúde continua grave.
precipitação catastróficaAlém disso, sob o pretexto de alívio, o projeto da "cidade humanitária" realocaria centenas de milhares de habitantes de Gaza para uma área confinada, privando-os da liberdade de movimento e da dignidade básica. É inconcebível que Israel trate os civis como fardos a serem contidos, em vez de seres humanos com direito a condições de vida dignas.
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Le Monde